quarta-feira, 5 de março de 2008

Respostas incómodas

Partilho (mais) uma divagação ociosa e despropositada da minha mente...

No pressuposto de que não há perguntas incómodas e de que a inconveniência está sempre na resposta, detesto ter que responder à pergunta elegível para o (meu) ranking das inconvenientes: "Que idade é que me dás?"

Há dois perfis de personalidade susceptíveis de lançar a questão... rectificação, lançar a pergunta (muito poderíamos dissertar sobre a diferença entre questão e pergunta):

- Os que tentam demonstrar com orgulho que o tempo não fez mossa e o calendário decorrido desde o dia em que deram à Luz está muito além da presente aparência e vigor físico, tentando iludir-se a si mesmos pela Vida não vivida que julgam poder ainda vir a viver (este é sem dúvida o grande segmento do mercado que lança a interrogação)

- Os que, bafejados pela incoerência das Leis da Vida, aparentam estar muito à frente na Linha do Tempo, e desse reconhecimento julgam estar aptos a tirar alguma vantagem, mais não seja a de surpreender pela positiva, conquistando admiração pelo pack aparentemente contraditório de mente jovial e ar paternal num só. Nesta segunda hipótese incluem-se ainda os que estando na referida situação possuem fortes dissonâncias perceptuais ou são eternos optimistas inseguros (trata-se de um nicho de mercado fortemente propenso a uma vida que terá tanto de honesta como de insegura e aborrecida)


Segundo (e último) pressuposto: Se estamos a ser confrontados pela pergunta presume-se que esta tenha origem em alguém com quem (ainda) não temos uma relação pessoal de proximidade (caso contrário teríamos elevadas hipóteses de saber a idade).


Ora todas os anteriores considerações para concluir que estamos sempre e incontornavelmente perante uma no win situation:

- Se acerto na idade defraudo expectativas e rompo com o perfil de personalidade assumido pelo interrogador;

- Se aponto para uma idade abaixo da real estou a tentar ser simpático, ainda que no fundo quem pergunta saiba que o que realmente penso está muito além do que exprimi, arriscando-me a um rótulo de hipocrisia;

- Se arrisco uma idade acima da real peco por excesso de frontalidade, insensibilidade ao que me rodeia, arriscando-me a assistir de 1ª plateia ao fim de uma relação que nunca começou, o início de uma crise depressiva ou, em última instância, às consequências nefastas de um ataque de nervos.

Em suma: Se às perguntas não pudermos (mesmo) fugir, há respostas que deveremos evitar a todo o custo...

(não, hoje ainda não bebi nada...)

1 comentário:

Marlene G. disse...

E fumar? O que é que andaste a fumar?? Deves ter mesmo ofendido alguém ao responder a uma pergunta do genero... Já agora, que idade me dás? :P

PS - vai lá ver onde estou!