domingo, 20 de janeiro de 2008

Lisboa (ainda) respira

Adoro o Monsanto!
Adoro (re)descobrir o Monsanto em todas as suas vertentes...

Em BTT.
Quem pedala sabe o quanto significa cada gota de suor que se perde (e se ganha) no dispêndio de energia que nos leva mais além. Sabe o quanto vale conquistar uma subida, sabe quão prazeroso se torna atingir o início da descida que nos leva, muitas vezes em pequenas fracções de tempo, a voar baixinho (mas ainda assim a voar...). Quem pedala sabe o que significa sentir o estímulo natural da adrenalina a fazer bater o coração mais forte, a fazer depender dos instintos e dos reflexos a continuidade da viagem (e quantas vezes da Vida). Esta simbiose entre pernas e pedais ganha ainda mais encanto quando enquadrada cénicamente nos fascínios do Monsanto. Quantos single tracks se inventam, se repisam, se atalham... Quanto vale o cumprimento aos desconhecidos que há muito se perdeu mas aqui se reencontrou. Quanto vale a entreajuda que prevalece nos imprevistos. Quanto vale o som do vento nos ramos imponentes. O som dos animais que timida e ocasionalmente se fazem ver. O silêncio imponente de cada paragem. O cheiro da terra. O cheiro da Natureza. O ar que se respira. Os raios de sol que teimam em romper nas mais frondosas e imponentes copas de árvore, e com eles reproduzem um cenário idílico, de recônditos encantos. O verde a perder de vista. Quanto vale cada segundo que se vive na expectativa de saber o que de novo vai surgir na fracção que se segue.
E se tudo isto não fosse por si só suficiente... Quanto vale cada uma destas sensações no mistério da noite. Na incerteza do desconhecido. No fascínio da obscuridão. Ou sob a mais intensa chuva. Que nos proporciona a sensação única do cheiro de terra molhada. Do som do seu impacto, que envolve como nenhum outro. Da água que nos escorre fria pelo corpo e com a sua passagem revigora a mente. E por consequência... da lama que teima em cobrir a mais infíma superfície que no seu caminho ouse surgir. E que por muito ridículo ou estranho que possa parecer proporciona um prazer inigualável. O de quebrar convenções, o de fazer sentir tactilmente a natureza. O de sujar como contrapartida mais que justa dela usufruir...

De "cabelos" ao vento.
A vertente civilizacional e urbanizada do Monsanto ganhou definitivamente um lugar (ainda que recente) na minha Vida. O previlégio de percorrer de "cabelos" ao vento (valerá a pena explicar o porquê das aspas?) o esfalto que o cruza e o liga à cidade traz algo de novo no campo das sensações que têm tanto de fascinante como de inexplicável. Talvez porque nestas circunstâncias o vento bata mais forte. E com o seu vigor nos obrigue a respirar muito mais intensamente cada um dos seus fascínios...

A pé.
Não que faltem circuitos pedestres no Monsanto. Mas nestas cirscunstâncias reservo-me regularmente a usufruir de dois locais mágicos (que me perdoem o egoísmo de não partilhar localização mas o fascínio da magia está no segredo). Pela imponência da vista panorâmica que nos oferecem. Pelo sossego reconfortante. Pela presença ou ausência de quem deles desfruta. Pela ordem e disposição de cada um dos seus elementos. Mas também e acima de tudo por cada uma das emoções que neles vivi, neles recordo, neles (re)Vivo...

Em harmonia.
Por tudo isto, infíma parte do que se sente e do que haverá por descobrir, tenho no encanto do Monsanto fonte de inesgotável harmonia... e de incomparável prazer .

1 comentário:

Marlene G. disse...

monsanto sinonimo de refugio? ;) quando nao souber onde andas ja sei onde te encontrar lol